Sannyasa é proibida em Kali-yuga?

 

O Brahma-vaivarta Purana (115.112-113) afirma:

asvamedham gavalambham sannyasam palapaitrkam

devarena sutotpattim kalau pañca vivarjayet

 ‘Em Kali-yuga, cinco atividades são proibidas: oferecer um cavalo em sacrifício, oferecer uma vaca em sacrifício, aceitar sannyasa, oferecer carne aos antepassados e uma mulher gerar filhos com o irmão de seu esposo.’

 Este sloka tem uma intenção oculta, que não tem a ver com proibir sannyasa completamente. Na verdade, muitas grandes personalidades que apareceram em Kali-yuga eram tyagis ou sannyasis, inclusive Sri Ramanuja, Sri Madhva, Sri Vishnusvami e outros acaryas, todos bem familiarizados com todos os sastras. Bem como os acaryas proeminentes, os seis goswamis, que eram bhaktas de Sri Goura.

 A sucessão pura de sannyasa ainda prossegue nos dias de hoje. Com o preceito contra a aceitação de sannyasa em Kali-yuga, na verdade quer-se dizer que é impróprio aceitar o ekadanda-sannyasa originário da desautorizada linha de pensamento propagada por Acarya Sankara, a qual se expressa em máximas como so ’ham (sou esse brahma) e aham brahasmi (sou brahma). Este tipo de sannyasa é que foi proibido.

 Tridanda-sannyasa é o sannyasa perpétuo e verdadeiro, sendo aplicável em todos os tempos. Às vezes, o tridanda-sannyasa aparece sob a forma externa de ekadanda-sannyasa. Ekadanda-sannyasis desta estirpe, os quais na verdade são grandes almas, aceitam a eternidade do tridanda-sannyasa, que simboliza três aspectos: sevya (o objeto do serviço), sevaka (o servo) e seva (o serviço). Tais pessoas consideram o ekadanda-sannyasa propagado por Sankara inteiramente desautorizado e sem o apoio do sastra. Fica provado, portanto, inclusive com base no sloka do Brahma-vaivarta Purana citado por smarta acaryas, ser lógico que sadhakas seguidores do nivrtti-marga [agir para o prazer da Suprema Personalidade de Deus] aceitem sannyasa.

 Nota de rodapé sob a forma de comentários de Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana  Goswami Maharaja no cap. sete  do Jaiva -dharma de Sril Bhaktivinoda Thakura.