ADORANDO KRISHNA
Damodara Masa.
Estágios de sannyasa (ordem renunciada).
Maya-tattva.
Maya, outra potência de Krsna, é a função da matéria. Conhecida como potência inferior (apara-shakti) ou potência externa (bahiranga-shakti), maya mantém-se distante de krsna e krsna-bhakti, tanto como a sombra fica longe da luz. Maya manifesta os elementos terra, água, fogo, ar céu, mente e inteligência; os quatorze sistemas planetários; e o egoísmo pelo qual alguém confunde o eu com o corpo físico.
Os corpos denso e sutil da baddha-jiva (almas condicionadas) são subprodutos de maya. Basta a jiva (ser vivo) libertar-se de maya para perceber a pureza de seu corpo espiritual, antes ofuscada pela matéria. Quanto mais ela se deixa ludibriar por maya, tanto mais se desvia de krsna. Quanto mais se afasta de maya, tanto mais sente atração por krsna.
O universo material, criado pela vontade de
krsna somente para viabilizar o gozo material das baddha-jivas, é mera prisão, e não a morada eterna das jivas.
Fonte:
Jaiva-dharma de Srila
Bhaktivindoda Thakura, cap 4.
Como a jiva (entidade viva) reage no mundo material?
“Os conceitos pelos quais pensamos, ‘eu sou
este corpo’ e ‘tudo relativo a este corpo é meu’ são duas categorias de egoísmo
cuja influência impera no mundo da matéria. Esses conceitos fazem-nos sentir atração
natural por pessoas e objetos que deem prazer ao corpo físico, por um lado, e aversão
a pessoas e objetos que impeçam o prazer material, por outro. A jiva desnorteada encara os outros como
amigos ou inimigos toda vez que semelhantes sensações de apego e aversão a
oprimem. Assim, ela lhes demonstra amor ou ódio de três maneiras: sharirika, com relação ao corpo material
e suas aquisições; samajika, com relação
à sociedade e às ideias sociais; e naitika,
com relação à moralidade e à ética. Eis como a jiva luta no plano da matéria”.
Fonte:
Jaiva-dharma de Srila Bhaktivindoda Thakura, cap 3.
O que é karma?
“É
toda atividade que alguém realiza com o corpo ou a mente para sobreviver. Há
duas classes de karma: auspicioso (shubha) e inauspicioso (ashuba). Outro termo para se referir a ashubha-karma é papa (pecado),
ou seja, vikarma (atos
proibidos). Akarma vem a ser o não cumprimento de shubha-karma. Assim como vikarma, akarma e kukarma (atividade
ímpia [cruel]) representam ações
ruins, shubha corresponde a boas ações”.
Fonte:
Jaiva-dharma de Srila Bhaktivindoda Thakura, cap 3.
Entendendo o corpo sutil.
Ele é formado pela mente, inteligência e falso ego.
“A
alma é uma partícula da consciência. Quando comete a ofensa da aversão ao
serviço a Krsna, ela é impulsionada pela potência atraente de Maya. Logo que
ela é desse modo distraída, Durga a restringe a um corpo grosseiro feito
de cinco elementos materiais básicos [Éter, Ar, Fogo, Água e Terra],seus atributos e os onze
sentidos [os olhos, os ouvidos, o nariz, a língua, a pele, a
voz, as pernas, as mãos, o ânus, os órgãos genitais e a mente (Bhagavad-gītā 13.6-7)],
que são como o uniforme de um prisioneiro e, então, ela arroja
[arrasta] a alma na roda de karma.
Resolvendo-se nesse ciclo, a alma-jiva experimenta a felicidade e a tristeza, o
céu e o inferno e tudo mais. Além disso, ela concede à alma dentro do corpo
grosseiro, um corpo sutil que consiste de mente, inteligência e falso ego. Ao
deixar um corpo grosseiro, a jiva, naquele corpo sutil, abriga-se em outro
corpo grosseiro. Até ser liberta, a alma não pode largar seu corpo sutil composto
de desejos impuros. Quando o corpo sutil é abandonado, a alma se banha nas
águas do rio Viraja [a divisa do mundo material e espiritual] e se dirige para morada do Senhor
Hari. Durga realiza essas tarefas pela vontade do Senhor Govinda.” (Srila Bhaktivinoda Thakur,
em seu comentário no verso 44, do Sri Brahma-Samhita)
“Quando
a jiva está firmemente estabelecida em bhava-bhakti, abandona seu corpo
grosseiro e após isto ela abandona seu corpo sutil e se estabelece no corpo
espiritual puro.” (Srila
Bhaktivinoda Thakur no Jaiva-Dharma cap.17)
“Diz-se nas escrituras que os
soldados de Yamaraja, os Yamadutas, cobrem o corpo sutil do réu e levam-no à
morada de Yamaraja para que seja castigado de maneira tolerável. Não compete
aos soldados de Yamaraja dar cabo de uma pessoa. De fato, não é possível matar
a entidade viva porque, na verdade, ela é eterna; ela precisa apenas sofrer as
consequências de suas atividades de gozo dos sentidos.” (Explicação de Srila Bhaktivedanta Swami
Prabhupada)
“O
corpo grosseiro e o sutil não são permanentes; portanto suas funções ou
religiões são temporárias. A alma é eterna. Portanto, a função ou religião da
alma é eterna e seu nome é Dharma-védico ou Bhagavata-dharma. (Explicação de Srila Bhaktivedanta Narayan Maharaj)
“Quando
a jiva (ser vivo) transmigra
de um corpo para o outro, o corpo grosseiro muda, mas o corpo sutil não muda.
Quando as jivas deixam o corpo grosseiro, o corpo sutil carrega todo o seu
karma e desejos para o próximo corpo. A natureza das jivas em um novo corpo é o
resultado das influências de seus nascimentos anteriores, e sua natureza
determina o varna (qualificação/ordem social/capacidade de trabalho) no qual irá nascer.” (Srila
Bhaktivinoda Thakur em seu Jaiva-Dharma, cap 15).
O Senhor Shiva (शिव).
Shiva é, assim como Brahma,
subordinado a Vishnu. Ele é, tecnicamente, uma expansão de Vishnu que entra em
contato de alguma forma com o mundo material. Enquanto Vishnu é totalmente
transcendental, Shiva entra em contato com os gunas [as três qualidades materiais de
bondade, paixão e ignorância]. O Srimad-Bhagavatam descreve:
harir hi nirguṇaḥ sākṣāt
puruṣaḥ prakṛteḥ paraḥ
sa sarva-dṛg upadraṣṭā
taṁ bhajan nirguṇo bhavet
“Hari [outro nome de Vishnu] é
deveras e diretamente livre dos gunas. Ele é o Senhor Supremo, a
testemunha eterna, transcendental e que tudo vê. Aquele que O adora torna-se
similarmente livre dos gunas”. (Srimad-Bhagavatam 10.88.5)
śivaḥ śakti-yutaḥ śaśvat
tri-liṅgo guṇa-saṁvṛtaḥ
“Shiva está sempre unido à sua energia pessoal, a natureza
material [shakti], e manifesta-se em três aspectos em resposta às solicitações
dos três gunas”. (Srimad-Bhagavatam 10.88.3)
Assim, Shiva é um Vishnu “modificado” pelo contato com
os gunas. A Brahma-samhita (5.45) diz isso de forma mais poética
ao comparar o Senhor Supremo ao leite, os gunas aos ácidos que
transformam o leite em iogurte, e Shiva ao iogurte.
kṣīraṁ yathā
dadhi vikāra-viśeṣa-yogāt
sañjāyate na hi tataḥ pṛthag asti hetoḥ
yaḥ śambhutām api tathā samupaiti kāryād
govindam ādi-puruṣaṁ tam ahaṁ bhajāmi
“Adoro o Senhor primordial, que se torna a forma de Shiva,
personalidade esta tida como não diferente do Supremo e, ao mesmo tempo, tida
como diferente em virtude de seu contato com as transformações da natureza
material, assim como pela ação de ácidos o leite se torna iogurte, que pode ser
considerado como igual à sua causa, o leite, porém age de maneira diferente”.
Shiva é, assim como Brahma,
subordinado a Vishnu. Ele é, tecnicamente, uma expansão de Vishnu que entra em
contato de alguma forma com o mundo material. Enquanto Vishnu é totalmente
transcendental, Shiva entra em contato com os gunas [as três qualidades materiais de
bondade, paixão e ignorância]. O Srimad-Bhagavatam descreve:
harir hi nirguṇaḥ sākṣāt
puruṣaḥ prakṛteḥ paraḥ
sa sarva-dṛg upadraṣṭā
taṁ bhajan nirguṇo bhavet
“Hari [outro nome de Vishnu] é
deveras e diretamente livre dos gunas. Ele é o Senhor Supremo, a
testemunha eterna, transcendental e que tudo vê. Aquele que O adora torna-se
similarmente livre dos gunas”. (Srimad-Bhagavatam 10.88.5)
śivaḥ śakti-yutaḥ śaśvat
tri-liṅgo guṇa-saṁvṛtaḥ
“Shiva está sempre unido à sua energia pessoal, a natureza
material [shakti], e manifesta-se em três aspectos em resposta às solicitações
dos três gunas”. (Srimad-Bhagavatam 10.88.3)
Assim, Shiva é um Vishnu “modificado” pelo contato com
os gunas. A Brahma-samhita (5.45) diz isso de forma mais poética
ao comparar o Senhor Supremo ao leite, os gunas aos ácidos que
transformam o leite em iogurte, e Shiva ao iogurte.
kṣīraṁ yathā
dadhi vikāra-viśeṣa-yogāt
sañjāyate na hi tataḥ pṛthag asti hetoḥ
yaḥ śambhutām api tathā samupaiti kāryād
govindam ādi-puruṣaṁ tam ahaṁ bhajāmi
“Adoro o Senhor primordial, que se torna a forma de Shiva,
personalidade esta tida como não diferente do Supremo e, ao mesmo tempo, tida
como diferente em virtude de seu contato com as transformações da natureza
material, assim como pela ação de ácidos o leite se torna iogurte, que pode ser
considerado como igual à sua causa, o leite, porém age de maneira diferente”.
Corretamente, entende-se que
Vishnu é o Senhor Supremo, ao passo que Brahma e Shiva Lhe são subordinados.
Mais detalhadamente, vimos também que Brahma e Shiva são subordinados a Vishnu,
porém gozam de status diferentes, sendo Brahma uma alma muito
avançada que assumiu um cargo importante no universo, e Shiva, uma expansão de
Vishnu que entra em contato com o mundo material e assim assume uma outra
forma, um outro nome e um outro status.