Damodara Masa.

 


 Kartik é o mês mais sagrado do calendário lunar. Ele geralmente se sobrepõe aos meses de outubro e novembro do calendário inglês. Kartik Maas, também conhecido como Damodar Maas, é descrito nas escrituras como o melhor entre os meses para realizar austeridades. Damodara masa, um momento muito auspicioso para começar a vida espiritual ou renovar votos.

 Kartik ou o festival de oferenda de lâmpadas ao Senhor Krishna, glorifica o passatempo do Senhor Krishna de ser amarrado com cordas pela Mãe Yashoda. Observar vrata no mês de Kartik é glorificado nos Puranas.

 “Assim como Sat-yuga é o melhor dos yugas (eras), assim como os Vedas são os melhores entre as escrituras, assim como Ganga é o melhor dos rios, assim Kartik é o melhor dos meses, o mais querido ao Senhor Krishna.” (Skanda Purana)


Estágios de sannyasa (ordem renunciada).

 


 Em sannyāsa , a ordem renunciada, há quatro estágios — kuṭīcaka, bahūdaka, parivrājakācārya e paramahaṁsa . 

 De acordo com o sistema védico, quando alguém aceita a ordem renunciada, ele fica fora de sua aldeia em uma cabana, e suas necessidades, especialmente sua comida, são supridas de casa. Isso é chamado de estágio kuṭīcaka. Quando um sannyāsī avança mais, ele não aceita mais nada de casa: em vez disso, ele coleta suas necessidades, especialmente sua comida, de muitos lugares. Este sistema é chamado mādhukarī , que significa literalmente "a profissão dos zangões". Assim como os zangões coletam mel de muitas flores, um pouco de cada, um sannyāsī deve mendigar de porta em porta, mas não aceitar muita comida de nenhuma casa em particular; ele deve coletar um pouco de cada casa. Isso é chamado de estágio bahūdaka

 Quando um sannyāsī é ainda mais experiente, ele viaja por todo o mundo para pregar as glórias do Senhor Vāsudeva . Ele é então conhecido como parivrājakācārya. O sannyāsī atinge o estágio paramahaṁsa quando termina seu trabalho de pregação e se senta em um lugar, estritamente para avançar na vida espiritual. Um paramahaṁsa real é aquele que controla completamente seus sentidos e se envolve no serviço imaculado do Senhor.




Maya-tattva.

 

 Maya, outra potência de Krsna, é a função da matéria. Conhecida como potência inferior (apara-shakti) ou potência externa (bahiranga-shakti), maya mantém-se distante de krsna e krsna-bhakti, tanto como a sombra fica longe da luz. Maya manifesta os elementos terra, água, fogo, ar céu, mente e inteligência; os quatorze sistemas planetários; e o egoísmo pelo qual alguém confunde o eu com o corpo físico. 

 Os corpos denso e sutil da baddha-jiva (almas condicionadas) são subprodutos de maya. Basta a jiva (ser vivo) libertar-se de maya para perceber a pureza de seu corpo espiritual, antes ofuscada pela matéria. Quanto mais ela se deixa ludibriar por maya, tanto mais se desvia de krsna. Quanto mais se afasta de maya, tanto mais sente atração por krsna. 

 O universo material, criado pela vontade de krsna somente para viabilizar o gozo material das baddha-jivas, é mera prisão, e não a morada eterna das jivas.

Fonte: Jaiva-dharma de Srila Bhaktivindoda Thakura, cap 4.



Como a jiva (entidade viva) reage no mundo material?

 

 “Os conceitos pelos quais pensamos, ‘eu sou este corpo’ e ‘tudo relativo a este corpo é meu’ são duas categorias de egoísmo cuja influência impera no mundo da matéria. Esses conceitos fazem-nos sentir atração natural por pessoas e objetos que deem prazer ao corpo físico, por um lado, e aversão a pessoas e objetos que impeçam o prazer material, por outro. A jiva desnorteada encara os outros como amigos ou inimigos toda vez que semelhantes sensações de apego e aversão a oprimem. Assim, ela lhes demonstra amor ou ódio de três maneiras: sharirika, com relação ao corpo material e suas aquisições; samajika, com relação à sociedade e às ideias sociais; e naitika, com relação à moralidade e à ética. Eis como a jiva luta no plano da matéria”.

Fonte: Jaiva-dharma de Srila Bhaktivindoda Thakura, cap 3.




O que é karma?

 

 “É toda atividade que alguém realiza com o corpo ou a mente para sobreviver. Há duas classes de karma: auspicioso (shubha) e inauspicioso (ashuba). Outro termo para se referir a ashubha-karma é papa (pecado), ou seja, vikarma (atos proibidos). Akarma vem a ser o não cumprimento de shubha-karma. Assim como vikarma, akarma e kukarma (atividade ímpia [cruel]) representam ações ruins, shubha corresponde a boas ações”.

Fonte: Jaiva-dharma de Srila Bhaktivindoda Thakura, cap 3.



Entendendo o corpo sutil.

 

 Ele é formado pela mente, inteligência e falso ego.

 “A alma é uma partícula da consciência. Quando comete a ofensa da aversão ao serviço a Krsna, ela é impulsionada pela potência atraente de Maya. Logo que ela é desse modo distraída,  Durga a restringe a um corpo grosseiro feito de cinco elementos materiais básicos [Éter, Ar, Fogo, Água e Terra],seus atributos  e os onze sentidos [os olhos, os ouvidos, o nariz, a língua, a pele, a voz, as pernas, as mãos, o ânus, os órgãos genitais e a mente (Bhagavad-gītā 13.6-7)], que são como  o  uniforme de um prisioneiro e, então, ela arroja [arrasta] a alma na roda de karma.

  Resolvendo-se nesse ciclo, a alma-jiva experimenta a felicidade e a tristeza, o céu e o inferno e tudo mais. Além disso, ela concede à alma dentro do corpo grosseiro, um corpo sutil que consiste de mente, inteligência e falso ego. Ao deixar um corpo grosseiro, a jiva, naquele corpo sutil, abriga-se em outro corpo grosseiro. Até ser liberta, a alma não pode largar seu corpo sutil composto de desejos impuros. Quando o corpo sutil é abandonado, a alma se banha nas águas do rio Viraja [a divisa do mundo material e espiritual] e se dirige para morada do Senhor Hari. Durga realiza essas tarefas pela vontade do Senhor Govinda.” (Srila Bhaktivinoda Thakur, em seu comentário no verso 44, do Sri Brahma-Samhita)

 “Quando a jiva está firmemente estabelecida em bhava-bhakti, abandona seu corpo grosseiro e após isto ela abandona seu corpo sutil e se estabelece no corpo espiritual puro.” (Srila Bhaktivinoda Thakur no Jaiva-Dharma cap.17)

 “Diz-se nas escrituras que os soldados de Yamaraja, os Yamadutas, cobrem o corpo sutil do réu e levam-no à morada de Yamaraja para que seja castigado de maneira tolerável. Não compete aos soldados de Yamaraja dar cabo de uma pessoa. De fato, não é possível matar a entidade viva porque, na verdade, ela é eterna; ela precisa apenas sofrer as consequências de suas atividades de gozo dos sentidos.”  (Explicação de   Srila Bhaktivedanta Swami Prabhupada)

 “O corpo grosseiro e o sutil não são permanentes; portanto suas funções ou religiões são temporárias. A alma é eterna. Portanto, a função ou religião da alma é eterna e seu nome é Dharma-védico ou Bhagavata-dharma. (Explicação de Srila Bhaktivedanta Narayan Maharaj)

 “Quando a jiva (ser vivo) transmigra de um corpo para o outro, o corpo grosseiro muda, mas o corpo sutil não muda. Quando as jivas deixam o corpo grosseiro, o corpo sutil carrega todo o seu karma e desejos para o próximo corpo. A natureza das jivas em um novo corpo é o resultado das influências de seus nascimentos anteriores, e sua natureza determina o varna (qualificação/ordem social/capacidade de trabalho) no qual irá nascer.”  (Srila Bhaktivinoda Thakur em seu Jaiva-Dharma, cap 15).


Srila Bhaktivinoda Thakur

Srila Bhaktivedanta Swami Prabhupada

Srila Bhaktivedanta Narayan Maharaj



O Senhor Shiva (शिव).

 

 Shiva é, assim como Brahma, subordinado a Vishnu. Ele é, tecnicamente, uma expansão de Vishnu que entra em contato de alguma forma com o mundo material. Enquanto Vishnu é totalmente transcendental, Shiva entra em contato com os gunas [as três qualidades materiais de bondade, paixão e ignorância]. O Srimad-Bhagavatam descreve:

harir hi nirguṇaḥ sākṣāt
puruṣaḥ prakṛteḥ paraḥ
sa sarva-dṛg upadraṣṭā
taṁ bhajan nirguṇo bhavet

 “Hari [outro nome de Vishnu] é deveras e diretamente livre dos gunas. Ele é o Senhor Supremo, a testemunha eterna, transcendental e que tudo vê. Aquele que O adora torna-se similarmente livre dos gunas”. (Srimad-Bhagavatam 10.88.5)

śivaḥ śakti-yutaḥ śaśvat
tri-liṅgo guṇa-saṁvṛtaḥ

 “Shiva está sempre unido à sua energia pessoal, a natureza material [shakti], e manifesta-se em três aspectos em resposta às solicitações dos três gunas”. (Srimad-Bhagavatam 10.88.3)

Assim, Shiva é um Vishnu “modificado” pelo contato com os gunas. A Brahma-samhita (5.45) diz isso de forma mais poética ao comparar o Senhor Supremo ao leite, os gunas aos ácidos que transformam o leite em iogurte, e Shiva ao iogurte.

kṣīraṁ yathā dadhi vikāra-viśeṣa-yogāt
sañjāyate na hi tataḥ pṛthag asti hetoḥ
yaḥ śambhutām api tathā samupaiti kāryād
govindam ādi-puruṣaṁ tam ahaṁ bhajāmi

 “Adoro o Senhor primordial, que se torna a forma de Shiva, personalidade esta tida como não diferente do Supremo e, ao mesmo tempo, tida como diferente em virtude de seu contato com as transformações da natureza material, assim como pela ação de ácidos o leite se torna iogurte, que pode ser considerado como igual à sua causa, o leite, porém age de maneira diferente”.

 Shiva é, assim como Brahma, subordinado a Vishnu. Ele é, tecnicamente, uma expansão de Vishnu que entra em contato de alguma forma com o mundo material. Enquanto Vishnu é totalmente transcendental, Shiva entra em contato com os gunas [as três qualidades materiais de bondade, paixão e ignorância]. O Srimad-Bhagavatam descreve:

harir hi nirguṇaḥ sākṣāt
puruṣaḥ prakṛteḥ paraḥ
sa sarva-dṛg upadraṣṭā
taṁ bhajan nirguṇo bhavet

“Hari [outro nome de Vishnu] é deveras e diretamente livre dos gunas. Ele é o Senhor Supremo, a testemunha eterna, transcendental e que tudo vê. Aquele que O adora torna-se similarmente livre dos gunas”. (Srimad-Bhagavatam 10.88.5)

śivaḥ śakti-yutaḥ śaśvat
tri-liṅgo guṇa-saṁvṛtaḥ

 “Shiva está sempre unido à sua energia pessoal, a natureza material [shakti], e manifesta-se em três aspectos em resposta às solicitações dos três gunas”. (Srimad-Bhagavatam 10.88.3)

 Assim, Shiva é um Vishnu “modificado” pelo contato com os gunas. A Brahma-samhita (5.45) diz isso de forma mais poética ao comparar o Senhor Supremo ao leite, os gunas aos ácidos que transformam o leite em iogurte, e Shiva ao iogurte.

kṣīraṁ yathā dadhi vikāra-viśeṣa-yogāt
sañjāyate na hi tataḥ pṛthag asti hetoḥ
yaḥ śambhutām api tathā samupaiti kāryād
govindam ādi-puruṣaṁ tam ahaṁ bhajāmi

 “Adoro o Senhor primordial, que se torna a forma de Shiva, personalidade esta tida como não diferente do Supremo e, ao mesmo tempo, tida como diferente em virtude de seu contato com as transformações da natureza material, assim como pela ação de ácidos o leite se torna iogurte, que pode ser considerado como igual à sua causa, o leite, porém age de maneira diferente”.



 Corretamente, entende-se que Vishnu é o Senhor Supremo, ao passo que Brahma e Shiva Lhe são subordinados. Mais detalhadamente, vimos também que Brahma e Shiva são subordinados a Vishnu, porém gozam de status diferentes, sendo Brahma uma alma muito avançada que assumiu um cargo importante no universo, e Shiva, uma expansão de Vishnu que entra em contato com o mundo material e assim assume uma outra forma, um outro nome e um outro status.